A edição atual do reality show A Fazenda tinha tudo para ser a mais impactante narrativa deste ano na televisão brasileira. Basta pensar na variedade irresistível de desajustados que o casting matador da Record conseguiu reunir sob um mesmo teto.
Nem todos são famosos, é verdade. Muito pelo contrário. Mas isso deixou de ser importante quando A Fazenda começou a criar mitos praticamente do zero, como foi o caso de Theo Becker, Lu Schievano e tantos outros. A grande inteligência do programa foi entender que a fama neste século 21 é um mero commodity.
E se o elenco não lhe parece bom o suficiente, lembre-se das ideias dignas de um vilão do Batman da TV dos anos 60 que foram engendradas para essa temporada. Exemplo: pegaram as gêmeas Pepê & Neném para funcionarem como se fossem um único participante. Os desajustados também são os responsáveis pela produção dessa babilônia em chamas.
O pior é que deu tudo certo. Todo dia tem barraco. As pessoas são completamente instáveis e se detestam mutuamente. É o único programa da televisão brasileira em que não conhecemos os mocinhos. Tudo é cinza, tudo é triste, todos são péssimas pessoas. Como numa boa série da HBO ou como em uma reunião de condomínio.
Mas a sensação que passa é que as histórias mais divertidas do mundo estão acontecendo em Itu e a Record simplesmente não tem capacidade de contar direito isso pra gente. Os episódios costumam ser enfadonhos, indo quase sempre do nada ao lugar nenhum.
Assistir A Fazenda é acreditar numa promessa que nunca se concretiza. As interações com o Britto Jr são o que a televisão produz de pior. Dificilmente acrescenta algo além da garantia de faces ruborizadas do outro lado da tela.
De qualquer forma, essa temporada está exuberante. Justamente pelo elenco fenomenal. Uma pena que não tenham criado até hoje mecanismos para evitar que os mais psicopatas saiam cedo. Perder Oscar Maroni logo no começo e feras como Diego Cristo e Felipeh em risco é simplesmente mau entretenimento.
É angustiante pensar que temos em mãos um “Guerra e Paz” escrito por uma espécie de Stephenie Meyer.
Disse tudo, tirar o Maroni foi uma pena …era o perdido do rebanho
Referência a Haruki Murakami em um post sobre a Fazenda é algo que eu não esperava ver em vida.