Celebridades virando histórias em quadrinhos compõem uma das mais divertidas tradições da nona arte. E o Brasil sempre teve uma especial predileção pelo gênero.
Personalidades da TV como Xuxa, Gugu, Serginho Mallandro e Trapalhões fizeram a festa nas bancas dos anos 80. Uma outra vertente muito relevante sempre foi a dos jogadores de futebol, constantemente escalados por Maurício de Sousa para compor o escrete do Bairro do Limoeiro: por lá já passaram Pelé, Ronaldinho Gaúcho e hoje Neymar Jr carrega com glória esse legado.
Provavelmente é a primeira vez que um policial militar vira gibi para crianças. O Coronel Telhada existe de verdade – é da Reserva da PM, já foi vereador e hoje é deputado estadual por São Paulo.
O editorial deste glorioso segundo número deixa claro que existem dois lados: o certo e o errado.

Ainda assim, Telhada se mostra um editor tão interativo e simpático quanto o Stan Lee dos anos 60. Só faltou uns adjetivos engraçadinhos pra fechar o texto.

Falando nele, a história “RISCO MORTAL”, que abre a edição, conta com a participação especial do Homem-Aranha já no primeiro quadro.

A arte é bem carregada de influências nipônicas – é quase um mangá colorido.

Mas o grande valor do gibi está mesmo no roteiro, sempre mostrando o ponto de vista do Bom Coronel sobre a vida.

Todas as tramas são baseadas em ocorrências reais. “Risco Mortal” reconstitui o sequestro em um flat no centro de São Paulo em julho de 2008.
Os bandidos soam exatamente como soariam em roteiros escritos por PMs. Todos parecem saídos diretamente dos melhores filmes do Charles Bronson.

Claro que coube ao Coronel Telhada salvar o dia mais uma vez. Chama a atenção a tática utilizada para resolver a questão: pé na porta e “bola pro Jardel”.

Os reféns tiveram mais sorte que juízo.

O Coronel senta a pua no sequestrador, e ainda rola um exame de consciência bonito e envolvente.

Só que a história encerra com uma lição de moral que eu não sei se o Corujito aprovaria.

O melhor da edição é a sensacional viatura policial para recortar e montar que vem de brinde. E ainda com instruções que evidentemente só poderiam ter sido dadas por um policial militar. É genial demais.
É bom demais que existam histórias contadas pelo viés da polícia. É importante e democrático. Elas são meio mal escritas? Chegam a ser confusas na maioria dos trechos? Demonstram uma dualidade rasa que parece parada no tempo?
Sugiro que você leia o gibi e tire suas próprias conclusões. Não estou dizendo nada disso. Pelo menos enquanto não chegar meu advogado.
Cotação: três baculejos de cinco possíveis
SERVIÇO
Você encontra a segunda edição do gibi do Coronel Telhada nas melhores bancas de São Paulo.
Custa 8 reais, o papel é de qualidade. São 52 páginas muito bem preenchidas por duas histórias, prints das notícias com as ocorrências que originaram as histórias, a tal viatura de montar e ainda alguns textos com desabafos do Coronel.
O gibi não tem periocidade definida – acho que o número 1 saiu ano passado.
Em breve: a outra história dessa edição e a resenha do primeiro número.
Não leria isso nunca, ou melhor, aqui em casa isso não serve nem para limpar a caca do gato.
Não leria isso nunca, ou melhor, aqui em casa esse tipo de coisa não serve nem para limpar caca do gato.