Por conta da polêmica da proibição do Uber em São Paulo, muito tem se falado sobre a economia compartilhada.
O conceito é formidável: o mundo é um lugar exuberante, ao longo da vida vamos adquirindo algumas adoráveis dádivas do capitalismo, porque não dividi-las de maneira economicamente saudável com os outros?
O Uber transforma qualquer dono de carro em um potencial motorista particular. E antes dele teve o sucesso irrefreável do Airbnb, criado em 2008, onde você aluga sua casa ou cômodos dela pela internet para pessoas legais.
Quem previu esse disruptivo conceito econômico e criativo? O gibi do Zé Carioca, é claro. Os sobrinhos dele, para ser mais específico – e numa história publicada originalmente em 1997.
Como sempre acontece, a inovação surge primeiramente entendida como uma estripulia dos mais jovens.
Como é costumeiro na história da evolução da sociedade, a surpreendente criação foi vista com espanto pelo papagaio baby boomer.
Os empreendedores Zico e Zeca são tão importantes para a economia compartilhada quanto aquela história dos “3 designers ousados e sem grana” que criaram o Airbnb. Todos os conceitos do serviço já estavam disponíveis para investidores em um gibi tropical do distante século 20.
Os sobrinhos do Zé Carioca eram tão prafrentex que já reinvestiam o dinheiro que conseguiam com a economia compartilhada em uma maneira sustentável, politicamente correta e moderna de transporte: as bicicletas.
A história é tão ousada que contraria até mesmo a postura política da editora Abril, que publica o gibi e a revista Veja. Na narrativa, o diabo pretende cancelar o negócio e devolver as bikes. E o anjo incentiva prestigiar o espírito empreendedor dos sobrinhos.
A decisão do Zé Carioca em apoiar a economia compartilhada fez com que baixasse a polícia na Vila Xurupita.
Qualquer semelhança com a realidade vivida em nossas capitais pós-Uber não será mera coincidência.
Cotação: quatro cômodos de cinco possíveis
SERVIÇO
Essa peça futurista está presente no gibi de número 2410 do Zé Carioca, edição de julho de 2015.
A revista republica mensalmente histórias antigas e muito divertidas do Zé Carioca e do Peninha, além de sempre apresentar uma inédita do papagaio. São apenas R$ 3,90 para ter um vislumbre do sentimento gostoso que é ter saudades do futuro.