Se os heróis do Cazuza morreram de overdose, é justo afirmar que os da Marvel correm o mesmo risco – ainda que seja uma overdose de exposição.
Mas a essa altura do campeonato, com 147 filmes já lançados e uma cronologia quase tão intrincada quanto a dos gibis, pode-se dizer que o estúdio chegou ao auge de sua brilhante trajetória com Capitão América: Guerra Civil.
O filme é justamente tudo o que uma criança de 9 anos gostaria de ver – e, maior dos trunfos, é justamente tudo o que uma criança de 9 anos conseguiria conceber.

A Marvel é absolutamente genial ao colocar uma máquina milionária a serviço dos afãs geniosos de um moleque brincando com seus bonequinhos embaixo da mesa de jantar.
Não há nada neste mundo que seja mais criativo – e ao mesmo tempo previsível – que uma criança de 9 anos. E é por isso que estamos todos vibrando com o espetaculoso racha dos Vingadores.

Tudo no filme acaba parecendo surpreendente pela sensação gostosa de conforto que o público sente ao descobrir que ninguém resolveu subverter as mais divertidas obviedades do miraculoso universo Marvel.
É mais ou menos como o FHC costuma explicar as coisas boas do governo Lula: a maré tava tão boa que foi só deixar rolar. O material de referência é muito redondo.

Não tenho muitos hobbies além de ouvir pagode, ingerir drinks feitos a base de Campari e ler uma quantidade pouco saudável de histórias em quadrinhos. Posso afirmar com esfuziante emoção que Capitão América: Guerra Civil consagra de maneira gloriosa tudo o que a criança de 9 anos que ainda insiste em comandar estas picapes gostaria de ter visto na tela grande.
Cotação: 2 bilhões de crianças felizes, de 2 bilhões possíveis (menos em Wakanda)
Voltamos a qualquer momento com novas informações.