A Turma da Mônica Jovem é o maior sucesso editorial do Brasil desde o seu lançamento. Nunca tinha conseguido parar pra ler uma edição inteira, pelo menos não que eu me lembre.

Aproveitei que lançaram um novo número 1 e fui ler para ver se era um REBOOT ou algo parecido. Mas não tinha nada de muito especial – as revistas da MSP pela Panini são “zeradas” sempre que completam 100 edições.
É uma prática bem difundida em gibis ao redor do mundo, pois lançamentos de coleção são ótimos para o marketing. A Marvel agora relança seus gibis sempre que muda a equipe criativa e os japoneses criam um subtítulo como “Z” ou “Saga de Hades” para novos arcos longos.
A linha de corte da Turma da Mônica é um pouco mais arbitrária, baseada apenas na numeração do gibi, mas ainda assim válida. É importante dar a chance de uma nova geração de moleques ou senhores como eu terem um ponto de entrada.
A história da edição de reestreia é a seguinte: Mônica e Cebolinha voltaram a namorar e estão num período de lua de mel. Cebolinha recebe uma noticia misteriosa, faz segredo é deixa Mônica receosa de que talvez ele esteja doente e em estado terminal.

Não vou entregar o final da história, até por fazer questão que você vá até a banca mais próxima e invista seu dinheiro no maior gênio do entretenimento brasileiro.
Pois muito que bem: depois de passar alguma raiva, cheguei à conclusão de que a Turma da Mônica Jovem é genial em toda a sua mediocridade.
O gibi parece escrito por alguém nos primeiros dias de uma puberdade que promete ser longa e dolorosa. Os diálogos são pavorosos, as situações são patéticas e os desenhos são medonhos.
E é aí que reside minha admiração pelo conceito dessa revista. Ela é milimetricamente realizada para parecer com algo que o leitor poderia fazer e publicar na internet.
A MSP fez um gabarito com tudo o que a molecada escreve e consome nessas fanfics onde rola muito shipping é aquela estética meio capa de disco de heavy metal sem ironia alguma.
Tem uma cena do Cebolinha abraçado com o Anjinho na cama, os dois cabisbaixos trocando confidências, que poderia tranquilamente ser capa do próximo disco do Evanescence.

Os indícios de que trata-se de um algoritmo para criar empatia com o público só ficam mais fortes quando você vê o nome dos envolvidos na concepção da história e percebe que são alguns dos mais tarimbados criadores de quadrinhos do mercado.
Fazer coisa ruim é fácil, mas ser detestável de propósito é uma arte que eu admiro muito. De qualquer forma, espero que jamais seja necessário ler um gibi desses novamente.
Nunca tive curiosidade de ler essa versão da Turma da Mônica. A verdade, é que eu nunca li realmente Turma da Mônica, só o que qualquer normalmente pega (tirinhas pequenas em livros escolares ou uma e outra historinha). Mas, de qualquer forma, essa Turma me incomoda um pouco. Contudo, já relatos de uns 2 ou 3 leitores infanto-juvenis que começaram por aí e tão lendo coisas legais hoje em dia. Méritos, acho eu. Por fim, não acho o desenho tão pavoroso assim, mas como nunca peguei uma revistada todo, não seria capaz de opinar, as piores ilustrações são sempre aquelas que ninguém posta ahaa rs
Ótimo texto 😉
Sem dúvida tem muitos méritos! Valeu pelo comentário, Joao!
Malz aê pelos erros. Redigi igual minha cara haha rs
O que me incomoda na TMJ (mais do que os roteiros sub-Malhação) é a cota obrigatória de 4 ou 5 cenas em “estilo mangá” por edição (quadros de meia página ou página inteira com closes exagerados dos olhos e lábios e onomatopeias ocupando qualquer espaço vazio), que parecem existir só para justificar a revista ser em preto-e-branco em papel jornal.
Porém acho que a TMJ tem um subproduto de qualidade: a excelente saga Chico Bento Moço, da qual sou fã incondicional. Recomendo a edição onde o Chico virou cantor sertanejo-universitário de sucesso, e também a saga (acho que em 2 edições) em que Chico e turma ficaram presos num laboratório da faculdade e foram atacados por abelhas gigantes geneticamente modificadas.
Esse estilo mangá acho que nem é exclusividade da TMJ. As revistinhas normais também estão usando essas caretas há um tempo… Sobre o Chico Bento Moço, fiquei curioso com a história do cantor sertanejo universitário. Sabe qual foi o número?
Valeu!!
Foi a edição 34, de junho/2016.
Essa aqui: http://www.guiadosquadrinhos.com/edicao/chico-bento-moco-n-34/ch007105/124777